PORQUE FIQUEI SEM PALAVRAS
Olá Vivi! Olá Mari Mari!
Peço que não se assustem com o tamanho do email. Mas, é a minha história e a de vocês também (de alguma forma). Não havia como ser curta. Vocês merecem os detalhes. Vocês me ensinaram isso.
Bem, esse email é uma homenagem que deveria ser feita a muito tempo aos principais blogs que eu acompanho: o De(coeur)ação e o Brincando de Casinha. Mas antes eu preciso me apresentar não é?
Bom. Fui batizado por Marcel Santiago Soares, mas atendo sinceramente por um monte de nomes. Meus amigos me chamam de Cell e como acompanho vcs diariamente ( não, isso não é uma hiperbole) fiquem à vontade pra me chamarem assim mesmo. No mais, atrasado pra me formar em psicologia aqui em Aracaju/SE com 24 anos.
Uma vez apresentado queria contar pra vcs uma história muito particular em que vocês fazem parte. A minha história, da minha garagem, da minha vida e como vocês me ajudaram. Mas, primeiro uma introdução de como era essa garagem
Na minha casa, lá aos fundos possuimos um quarto que chamamos carinhosamente de garagem. Quando compramos a casa esse quarto foi me destinado para ser o que quisesse. No entanto, quando a esmola demais o santo desconfia. Eu tinha um quarto com chão de cimento vernelho, paredes que foram pintadas usando o resto das tintas da casa que formaram um vermelho terracota vagabundíssimo. Ah! Claro, as telhas vermelhas! Bom, deu para perceber que o vermelho imperava...
Tentei, com uns R$600 dinheiro que consegui fazendo teatro uma meia reforma. E o resultado foi o que vcs podem ver na primeira foto. Paredes coloridas, chão colorido. Uma colméia que era usada na antiga loja da familia que foi perfurada na parede para servir como nicho. E o mais importante: como não havia janelas comprei uma porta sanfonada, daquelas de plastico, coloquei na horizontal, quebramos a parede e eis nossa janela. Ok.... não ficou o máximo, mas deixava passar vento e impedia a água da chuva entrar. Tava valendo.
Bem. O mundo girava. A garagem tinha feito parte de bons momentos e eu gostava do que tinha sido feito com tão pouco. Mas, o mundo girou depressa demais e à cerca de dois anos atrás perdi a minha mãe. Pra descreve-lá sem perder a poesia e em poucas linhas: ela me ensinou os detalhes bonitos da vida. Detalhes que vieram a se transformar em um gosto por decoração após a perda dela. Um gosto forte demais, já que ela era a dona de todos os mimos que já tinha recebido na vida.
E ai que nossa história começa. Nossa mesmo: A minha, do De(coeur)ação e do Casinha.
Fiquei ali, durante um tempo naquela garagem, fingindo continuar a vida. Tinha, na época, me apegado em uma namorada. Namoro acabou e eis que me vi completamente só tendo que agora, me reconstruir, me reformar. Eu e minha garagem. Então conheci o De(coeur)ação. Conheci vc Vivi. Conheci seus filhos. Conheci seus mimos. Li, naquele dia todos os posts. Lendo fui me encantando e pensado que poderia ser hedonista solidariamente. Poderia cuidar de mim e cuidar dos outros. Poderia, por fim, prestar uma homenagem para minha mãe e dar adeus à ela.
Em seguida veio o Casinha como uma indicação da Vivi. E me encantei contigo Mari, como me encantaria por uma menina. Me encantei porque achava que tinha encontrado uma amiga parecida comigo, com o mesmo humor, com o mesmo desejo de casar, de ter filhos, de crescer e viver o mundo. Não preciso dizer que te li toda, ou melhor, todos os posts, até o casinha antigo que só aparece pra quem fuça no google. E a cada post havia uma pedra pra me apoiar. Eu sonhava em receber amigos mostrando mimos, em acomoda-los em casa, em bebermos vinho e tocar violão. Falar mal de alguns e elogiar a poucos. Enfim, rir!
E comecei minha reforma...
Trabalhava dando aula de teatro para pessoas com transtornos mentais. Juntei um pouco da grana e reformei a garagem. Pintei. Compramos e colocamos piso. Comprei tapete. Construí com um amigo uma luminária ( parece bobagem, mas foi dificil). Comprei uma janela no lugar da porta de plástico ( ninguem sabe o valor de uma janela até compra-lá. E ninguem lembra que tem que comprar aquela peça de granito ou mármore que fica no batente até comprar uma janela). O mais importante: colocamos forro de madeira no teto e pintamos de branco. Ficou lindo. Lindo. LINDO!.
Uma ressalva. Quando falo nós digo eu e meu pai. Sinto que aquela reforma foi uma reforma para ele tambem. Aproximamo-nos. Saiamos para olhar as coisas da reforma e fomos nos aproximando mais. E eu referenciava vocês como quem referencia Freud quando esta falando em psicanálise.
Tudo indo... sempre faltando algumas coisas. Mas eis que o mundo gira novamente e a chuva cai. Bem, resumindo... descobri quando entrei hoje que a mesa que comprara em um brecho de cerejeira e que envernizei se fora. Os quadros comprados com carinho se foram tambem. a luminária imunda. O tapete... bem, esse estava inteiro, não posso reclamar. Mas o mais triste foi ver as paredes. Todas completamente sujar, com riscos de agua+sujeira que veio do teto e riscava as paredes de baixo a cima. Quando olhei para cima vi o forro, aquele que não consegui comprar sozinho e que fez meu pai pedir um adiantamento ao chefe. O forro de madeira, aquilo que era a coisa mais linda estava caindo. Acho que a chuva entrou pelas telhas que devem ter quebrado, encharcado a madeira de forro que agora estava verde com fungos, e agora acho que ela esta cedendo.
Acreditem, foi duro. Fui tirando algumas coisa que pude e ao fechar a porta tive vontade de chorar. De odiar ter feito aquela reforma que ainda me custara muito. Mais do que isso: fiquei triste porque me prometi tirar uma foto da garagem e mostrar para vcs que construiram ela tanto quanto eu. A cada post diário que me dava força pra continuar. A cada imagem bonita que me fez querer ter uma casa parecida e receber amigos. Agora, eu não posso fotografar e mostrar para vcs o que fizemos.
Esse email é para isso. Para contar que vcs criaram uma pessoa melhor. Para desabafar uma dor que é maior do que se possa imaginar. Para ser escutado. Por fim, para agradecer pelos mimos.
Obrigado.
Um cafuné longo e demorado em cada uma de vocês.
Agora, com licença. Eu preciso terminar minha monografia para reconstruir uma certa garagem.
Marcel Santiago Soares
Peço que não se assustem com o tamanho do email. Mas, é a minha história e a de vocês também (de alguma forma). Não havia como ser curta. Vocês merecem os detalhes. Vocês me ensinaram isso.
Bem, esse email é uma homenagem que deveria ser feita a muito tempo aos principais blogs que eu acompanho: o De(coeur)ação e o Brincando de Casinha. Mas antes eu preciso me apresentar não é?
Bom. Fui batizado por Marcel Santiago Soares, mas atendo sinceramente por um monte de nomes. Meus amigos me chamam de Cell e como acompanho vcs diariamente ( não, isso não é uma hiperbole) fiquem à vontade pra me chamarem assim mesmo. No mais, atrasado pra me formar em psicologia aqui em Aracaju/SE com 24 anos.
Uma vez apresentado queria contar pra vcs uma história muito particular em que vocês fazem parte. A minha história, da minha garagem, da minha vida e como vocês me ajudaram. Mas, primeiro uma introdução de como era essa garagem
Na minha casa, lá aos fundos possuimos um quarto que chamamos carinhosamente de garagem. Quando compramos a casa esse quarto foi me destinado para ser o que quisesse. No entanto, quando a esmola demais o santo desconfia. Eu tinha um quarto com chão de cimento vernelho, paredes que foram pintadas usando o resto das tintas da casa que formaram um vermelho terracota vagabundíssimo. Ah! Claro, as telhas vermelhas! Bom, deu para perceber que o vermelho imperava...
Tentei, com uns R$600 dinheiro que consegui fazendo teatro uma meia reforma. E o resultado foi o que vcs podem ver na primeira foto. Paredes coloridas, chão colorido. Uma colméia que era usada na antiga loja da familia que foi perfurada na parede para servir como nicho. E o mais importante: como não havia janelas comprei uma porta sanfonada, daquelas de plastico, coloquei na horizontal, quebramos a parede e eis nossa janela. Ok.... não ficou o máximo, mas deixava passar vento e impedia a água da chuva entrar. Tava valendo.
Bem. O mundo girava. A garagem tinha feito parte de bons momentos e eu gostava do que tinha sido feito com tão pouco. Mas, o mundo girou depressa demais e à cerca de dois anos atrás perdi a minha mãe. Pra descreve-lá sem perder a poesia e em poucas linhas: ela me ensinou os detalhes bonitos da vida. Detalhes que vieram a se transformar em um gosto por decoração após a perda dela. Um gosto forte demais, já que ela era a dona de todos os mimos que já tinha recebido na vida.
E ai que nossa história começa. Nossa mesmo: A minha, do De(coeur)ação e do Casinha.
Fiquei ali, durante um tempo naquela garagem, fingindo continuar a vida. Tinha, na época, me apegado em uma namorada. Namoro acabou e eis que me vi completamente só tendo que agora, me reconstruir, me reformar. Eu e minha garagem. Então conheci o De(coeur)ação. Conheci vc Vivi. Conheci seus filhos. Conheci seus mimos. Li, naquele dia todos os posts. Lendo fui me encantando e pensado que poderia ser hedonista solidariamente. Poderia cuidar de mim e cuidar dos outros. Poderia, por fim, prestar uma homenagem para minha mãe e dar adeus à ela.
Em seguida veio o Casinha como uma indicação da Vivi. E me encantei contigo Mari, como me encantaria por uma menina. Me encantei porque achava que tinha encontrado uma amiga parecida comigo, com o mesmo humor, com o mesmo desejo de casar, de ter filhos, de crescer e viver o mundo. Não preciso dizer que te li toda, ou melhor, todos os posts, até o casinha antigo que só aparece pra quem fuça no google. E a cada post havia uma pedra pra me apoiar. Eu sonhava em receber amigos mostrando mimos, em acomoda-los em casa, em bebermos vinho e tocar violão. Falar mal de alguns e elogiar a poucos. Enfim, rir!
E comecei minha reforma...
Trabalhava dando aula de teatro para pessoas com transtornos mentais. Juntei um pouco da grana e reformei a garagem. Pintei. Compramos e colocamos piso. Comprei tapete. Construí com um amigo uma luminária ( parece bobagem, mas foi dificil). Comprei uma janela no lugar da porta de plástico ( ninguem sabe o valor de uma janela até compra-lá. E ninguem lembra que tem que comprar aquela peça de granito ou mármore que fica no batente até comprar uma janela). O mais importante: colocamos forro de madeira no teto e pintamos de branco. Ficou lindo. Lindo. LINDO!.
Uma ressalva. Quando falo nós digo eu e meu pai. Sinto que aquela reforma foi uma reforma para ele tambem. Aproximamo-nos. Saiamos para olhar as coisas da reforma e fomos nos aproximando mais. E eu referenciava vocês como quem referencia Freud quando esta falando em psicanálise.
Tudo indo... sempre faltando algumas coisas. Mas eis que o mundo gira novamente e a chuva cai. Bem, resumindo... descobri quando entrei hoje que a mesa que comprara em um brecho de cerejeira e que envernizei se fora. Os quadros comprados com carinho se foram tambem. a luminária imunda. O tapete... bem, esse estava inteiro, não posso reclamar. Mas o mais triste foi ver as paredes. Todas completamente sujar, com riscos de agua+sujeira que veio do teto e riscava as paredes de baixo a cima. Quando olhei para cima vi o forro, aquele que não consegui comprar sozinho e que fez meu pai pedir um adiantamento ao chefe. O forro de madeira, aquilo que era a coisa mais linda estava caindo. Acho que a chuva entrou pelas telhas que devem ter quebrado, encharcado a madeira de forro que agora estava verde com fungos, e agora acho que ela esta cedendo.
Acreditem, foi duro. Fui tirando algumas coisa que pude e ao fechar a porta tive vontade de chorar. De odiar ter feito aquela reforma que ainda me custara muito. Mais do que isso: fiquei triste porque me prometi tirar uma foto da garagem e mostrar para vcs que construiram ela tanto quanto eu. A cada post diário que me dava força pra continuar. A cada imagem bonita que me fez querer ter uma casa parecida e receber amigos. Agora, eu não posso fotografar e mostrar para vcs o que fizemos.
Esse email é para isso. Para contar que vcs criaram uma pessoa melhor. Para desabafar uma dor que é maior do que se possa imaginar. Para ser escutado. Por fim, para agradecer pelos mimos.
Obrigado.
Um cafuné longo e demorado em cada uma de vocês.
Agora, com licença. Eu preciso terminar minha monografia para reconstruir uma certa garagem.
Marcel Santiago Soares
PORQUE FIQUEI SEM PALAVRAS
Reviewed by vivianne pontes
on
08:10
Rating:
Nenhum comentário: