Gosto se discute II
Que raios estou tentando dizer/discutir/entender e por que? O que me deu pra ficar falando de gosto?
Seguinte, fui passear no Malba e tinha essa coisa aí. É uma caixa de suco cheia de flores de plástico, com umas gotas de cola colorida. Fica dentro de um vidro b-l-i-n-d-a-d-o. É uma aquisição propagandeada pelo Malba. E eu acho uma enganação, um embuste. Pra completar, em frente à peça, três pessoas observavam interessadíssimas a genialidade do Marcelo Pombo, o artista e criador da dita. (Mas talvez também estavam só tentando entender o que aquilo fazia ali.)
Nessas horas o André se dirige pro extintor de incêndio, como quem admira aquela peça vermelha, e começa a coçar o queixo, esse marido irônico que tenho. (Você, leitorzinho sabido, pode ter pensado em Duchamp e seu vaso, mas esse é um outro assunto. E desculpa pela foto, foi o melhor que consegui.)
Caramba, o que leva uma pessoa a admirar uma coisa dessas e classificá-la como arte? Cadê a emoção, o deleite, o terror?
Então lembramos que nas aulas de arte aprendemos a rabiscar. Porque não se ensina História da Arte nas aulas de arte. Porque não há, na formação do indivíduo, uma construção institucional do gosto. Não falo sobre ensinar o que é certo e o que é errado. Isso não existe. Mas falo sim em dar o máximo de referências possíveis para se gostar ou não de uma coisa. Afinal quanto mais se conhecem referências, mais é possível avaliar.
Então, voltando à discussão do post anterior, segundo Kant a afirmação “os gostos não se discutem” não é verdade, e demonstra, por parte de quem a profere, uma vontade de não discutir. Os gostos discutem-se, porque "o gosto é algo que fica entre a imaginação e o entendimento". E esse entendimento é racional, baseado em elementos diversos, mas racional. Mesmo que nem sempre a beleza coincida com a harmonia e a proporcionalidade das partes, segundo regras explícitas, ainda assim os elementos dela podem e devem ser avaliados e aprendidos.
***
Fotos de Buenos Aires. (Ou pelo menos o que consegui colocar no Flickr até agora.)
Seguinte, fui passear no Malba e tinha essa coisa aí. É uma caixa de suco cheia de flores de plástico, com umas gotas de cola colorida. Fica dentro de um vidro b-l-i-n-d-a-d-o. É uma aquisição propagandeada pelo Malba. E eu acho uma enganação, um embuste. Pra completar, em frente à peça, três pessoas observavam interessadíssimas a genialidade do Marcelo Pombo, o artista e criador da dita. (Mas talvez também estavam só tentando entender o que aquilo fazia ali.)
Nessas horas o André se dirige pro extintor de incêndio, como quem admira aquela peça vermelha, e começa a coçar o queixo, esse marido irônico que tenho. (Você, leitorzinho sabido, pode ter pensado em Duchamp e seu vaso, mas esse é um outro assunto. E desculpa pela foto, foi o melhor que consegui.)
Caramba, o que leva uma pessoa a admirar uma coisa dessas e classificá-la como arte? Cadê a emoção, o deleite, o terror?
Então lembramos que nas aulas de arte aprendemos a rabiscar. Porque não se ensina História da Arte nas aulas de arte. Porque não há, na formação do indivíduo, uma construção institucional do gosto. Não falo sobre ensinar o que é certo e o que é errado. Isso não existe. Mas falo sim em dar o máximo de referências possíveis para se gostar ou não de uma coisa. Afinal quanto mais se conhecem referências, mais é possível avaliar.
Então, voltando à discussão do post anterior, segundo Kant a afirmação “os gostos não se discutem” não é verdade, e demonstra, por parte de quem a profere, uma vontade de não discutir. Os gostos discutem-se, porque "o gosto é algo que fica entre a imaginação e o entendimento". E esse entendimento é racional, baseado em elementos diversos, mas racional. Mesmo que nem sempre a beleza coincida com a harmonia e a proporcionalidade das partes, segundo regras explícitas, ainda assim os elementos dela podem e devem ser avaliados e aprendidos.
Continua aqui.
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Fotos de Buenos Aires. (Ou pelo menos o que consegui colocar no Flickr até agora.)
Gosto se discute II
Reviewed by vivianne pontes
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14:24
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