MODA?
Passei uns dias em BH. A saudade era muita, tinha uma reunião de trabalho lá. Fome com a vontade de comer. E fui.
Ainda no aeroporto, vontade era abraçar todo mundo, aquele sotaque um carinho nos meus ouvidos. “Aceita um cfezim?” Desse jeito até dois.
Fui no Mercado Central, no Parque Municipal. Visitei os lindos e maravilhosos Joões, que deu vontade de trazer pra perto. Vi amigos, amigas. Fui numa festa de aniversário no meio da rua, com mesa na calçada. Comi pão de queijo, comprei livros ótimos no meu sebo favorito.
Voltei pra casa feliz, com o cabelo brilhando. Mas com um grilo na lapela.
Assim se deu. Fazia tempo que não ia à Feira Hippie, o maior templo de consumo a céu aberto que conheço. Tava com saudades de ir da Rua Goiás, começando pelos sapatos, e seguir até barraquinha em frente o prédio da BHtur, que vende jiló acebolado. Diliça. Na travessia escutei vezes demais frases semelhantes para ser capaz de ignorá-las. “Isso tá na moda.” “Tá usando muito.” “É a última moda, tá na novela.” As pessoas ainda dão tanto valor pro que 'tá na moda'? Deus, que mundo é esse? Ou sou eu que vivo numa bolha?
Ontem, curtindo um frio embaixo do edredom, vendo tv, passei por um programa do SBT. Esquadrão da moda.
Meu queixo caiu. Festival de grosserias. É um programa estilo extreme makeover que pega uma vítima e a ensina a se vestir. Mas precisa ofender? E exagerar tanto nos superlativos? Na boca dos apresentadores, as roupas antigas não eram feias, eram ‘um lixo’. E as bonitas não eram bonitas, eram ‘bárbaras’. Não ouvi nenhuma informação objetiva, sobre o que caía melhor na moça. Mas apenas críticas ao fato dela ser baixinha, ou ter ‘1,20m’, como disse o apresentador. Me deu engulhos e não vi até o final.
O que eu tenho a dizer é, ponto, outra linha, parágrafo.
Caráleo. Alguém ainda liga pra moda? Tudo bem um programa que ensine como ver o que cai melhor ou pior numa pessoa. Mas daí a colocar a moda acima da pessoa, o que ela usa, as cores que ela escolhe, e mesmo a altura que ela mede, sendo motivo de piada, isso não te incomoda?
Se eu quisesse ver uma pessoa ser ridicularizada, ia ver Jack-ass. E bem, eu detesto Jack-ass. Idem para a versão Jack-ass do Pânico, com o Bola. Não gosto de ver pessoas sendo humilhadas. Sempre tenho a sensação de que se o feitor surra, é porque tem um senhor que o incentiva/incumbe/assiste (n)essa tarefa. E definitivamente isso não me dá prazer, nenhum desses papéis me dá prazer.
Imagem Apple Head daqui.
Hedonismo. Eu sou hedonista epicurista. Me preocupo com o prazer, e beleza é prazer. (Vejam bem, falo de beleza e não de perfeição. A natureza é belíssima em suas imperfeições.)
A definição mais comum de moda é ‘tendência de consumo’. Eu acho muito pobre quando, uma pessoa ao se vestir, se preocupa apenas com a moda (= tendência de consumo). Quando me visto, busco uma harmonia. E acredito sim que essa harmonia é aprendida, o gosto é aprendido. E sim, pode até ser ensinado em programas de televisão. Já discuti o juízo do gosto aqui antes, você lembram, né?
Mas a obsessão pelo perfeito, a crítica exagerada ao imperfeito, e o consumo do eternamente novo, tiram o prazer da coisa. E isso também vale pra decoração da casa. E não, não vivo numa bolha. Tenho certeza que mais gente pensa como eu. Né?
Ainda no aeroporto, vontade era abraçar todo mundo, aquele sotaque um carinho nos meus ouvidos. “Aceita um cfezim?” Desse jeito até dois.
Fui no Mercado Central, no Parque Municipal. Visitei os lindos e maravilhosos Joões, que deu vontade de trazer pra perto. Vi amigos, amigas. Fui numa festa de aniversário no meio da rua, com mesa na calçada. Comi pão de queijo, comprei livros ótimos no meu sebo favorito.
Voltei pra casa feliz, com o cabelo brilhando. Mas com um grilo na lapela.
Assim se deu. Fazia tempo que não ia à Feira Hippie, o maior templo de consumo a céu aberto que conheço. Tava com saudades de ir da Rua Goiás, começando pelos sapatos, e seguir até barraquinha em frente o prédio da BHtur, que vende jiló acebolado. Diliça. Na travessia escutei vezes demais frases semelhantes para ser capaz de ignorá-las. “Isso tá na moda.” “Tá usando muito.” “É a última moda, tá na novela.” As pessoas ainda dão tanto valor pro que 'tá na moda'? Deus, que mundo é esse? Ou sou eu que vivo numa bolha?
Ontem, curtindo um frio embaixo do edredom, vendo tv, passei por um programa do SBT. Esquadrão da moda.
Meu queixo caiu. Festival de grosserias. É um programa estilo extreme makeover que pega uma vítima e a ensina a se vestir. Mas precisa ofender? E exagerar tanto nos superlativos? Na boca dos apresentadores, as roupas antigas não eram feias, eram ‘um lixo’. E as bonitas não eram bonitas, eram ‘bárbaras’. Não ouvi nenhuma informação objetiva, sobre o que caía melhor na moça. Mas apenas críticas ao fato dela ser baixinha, ou ter ‘1,20m’, como disse o apresentador. Me deu engulhos e não vi até o final.
O que eu tenho a dizer é, ponto, outra linha, parágrafo.
Caráleo. Alguém ainda liga pra moda? Tudo bem um programa que ensine como ver o que cai melhor ou pior numa pessoa. Mas daí a colocar a moda acima da pessoa, o que ela usa, as cores que ela escolhe, e mesmo a altura que ela mede, sendo motivo de piada, isso não te incomoda?
Se eu quisesse ver uma pessoa ser ridicularizada, ia ver Jack-ass. E bem, eu detesto Jack-ass. Idem para a versão Jack-ass do Pânico, com o Bola. Não gosto de ver pessoas sendo humilhadas. Sempre tenho a sensação de que se o feitor surra, é porque tem um senhor que o incentiva/incumbe/assiste (n)essa tarefa. E definitivamente isso não me dá prazer, nenhum desses papéis me dá prazer.
Imagem Apple Head daqui.
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Hedonismo. Eu sou hedonista epicurista. Me preocupo com o prazer, e beleza é prazer. (Vejam bem, falo de beleza e não de perfeição. A natureza é belíssima em suas imperfeições.)
A definição mais comum de moda é ‘tendência de consumo’. Eu acho muito pobre quando, uma pessoa ao se vestir, se preocupa apenas com a moda (= tendência de consumo). Quando me visto, busco uma harmonia. E acredito sim que essa harmonia é aprendida, o gosto é aprendido. E sim, pode até ser ensinado em programas de televisão. Já discuti o juízo do gosto aqui antes, você lembram, né?
Mas a obsessão pelo perfeito, a crítica exagerada ao imperfeito, e o consumo do eternamente novo, tiram o prazer da coisa. E isso também vale pra decoração da casa. E não, não vivo numa bolha. Tenho certeza que mais gente pensa como eu. Né?
MODA?
Reviewed by vivianne pontes
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