ZANINE CALDAS - PARTE III
Nesse post peço desculpas pela profusão de datas. Mas o homem era um dínamo, e se eu não datar parece que embaralha tudo. Mas de todo modo, se quiser, ignore as datas, que eu mesmo não ligo muito para efemérides.
Daí que a fábrica de móveis era um sucesso. Mas Zanine queria aprender mais, e foi trabalhar como assistente do arquiteto Alcides da Rocha Miranda na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU/USP (1950-1952). Ao mesmo tempo, dá-lhe projetos paisagísticos em Sampa, até se mudar para Brasília, onde toma coragem e constrói sua primeira casa (1958), e coordena a construção de outras.
Com o incêndio da Móveis Artísticos Z (1961) veio o convite de Darcy Ribeiro para dar aulas de maquete na UnB em Brasília.
Bem, peraí: Zanine não tinha diploma, não tinha freqüentado os bancos de uma universidade como aluno. E se metia a construir casas e, mais ainda, a dar aulas? Como se atrevia? Fez-se a polêmica. E de novo, Zanine foi fazer móveis, mas não antes de voltar pra casa, lembrando que casa é o lugar que a gente escolhe pra viver.
Nos anos 70, ele se mudou pra Nova Viçosa. Que não fica longe de Belmonte, e é onde morava (mora ainda, mãe?) também o Krajcberg. E, se nos anos 50 seus móveis são desenhados segundo a lógica industrial, nos anos 70, passaram a ser esculpidos artesanalmente, em completa oposição à racionalidade dos móveis da Z.
Só quero – tal qual professora de cursinho – lembrar o que eu disse até agora de sua obra? Lembra? O seu material de trabalho é disponível, barato e de fácil execução, pois o que não faltava naquela região é madeira. Mas agora não precisa mais ser leve, porque sair dali, do santuário que escolheu pra morar, é o que menos importava.
Honoris causa
Em 1989, o museu do Louvre, em Paris, abrigou uma exposição sua. Mostra atípica para os padrões do museu, as maquetes, os móveis e as fotos de casas de Zanine foram expostos por 40 dias e receberam mais visitas que as obras de Picasso exibidas na sala ao lado. De lá, Zanine voltou com a medalha de prata do Colégio de Arquitetos da França, a mais alta representação da classe. No mesmo período, deu aulas na escola de arquitetura de Grenoble.
E então, só depois do reconhecimento gringo é que veio o reconhecimento em Pindorama: pelo domínio da técnica e materiais Zanine acabou sendo reconhecido como arquiteto honoris causa. Em 1991, Lúcio Costa entregou-lhe o diploma.
Morreu de enfarto em 2001, aos 82 anos, sem casa própria e tendo a pensão da Universidade de Brasília como único meio de sobrevivência. Pobre? Não penso assim.
P.S.: Essa namoradeira da foto custa hoje uns 15mil. Dólares. E sim, ainda falta mais um pouquinho pra eu terminar. Não falei direito sobre suas casas.
♥ Parte I
♥ Parte II
♥ Parte IV
Daí que a fábrica de móveis era um sucesso. Mas Zanine queria aprender mais, e foi trabalhar como assistente do arquiteto Alcides da Rocha Miranda na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU/USP (1950-1952). Ao mesmo tempo, dá-lhe projetos paisagísticos em Sampa, até se mudar para Brasília, onde toma coragem e constrói sua primeira casa (1958), e coordena a construção de outras.
Com o incêndio da Móveis Artísticos Z (1961) veio o convite de Darcy Ribeiro para dar aulas de maquete na UnB em Brasília.
Bem, peraí: Zanine não tinha diploma, não tinha freqüentado os bancos de uma universidade como aluno. E se metia a construir casas e, mais ainda, a dar aulas? Como se atrevia? Fez-se a polêmica. E de novo, Zanine foi fazer móveis, mas não antes de voltar pra casa, lembrando que casa é o lugar que a gente escolhe pra viver.
Nos anos 70, ele se mudou pra Nova Viçosa. Que não fica longe de Belmonte, e é onde morava (mora ainda, mãe?) também o Krajcberg. E, se nos anos 50 seus móveis são desenhados segundo a lógica industrial, nos anos 70, passaram a ser esculpidos artesanalmente, em completa oposição à racionalidade dos móveis da Z.
Só quero – tal qual professora de cursinho – lembrar o que eu disse até agora de sua obra? Lembra? O seu material de trabalho é disponível, barato e de fácil execução, pois o que não faltava naquela região é madeira. Mas agora não precisa mais ser leve, porque sair dali, do santuário que escolheu pra morar, é o que menos importava.
Honoris causa
Em 1989, o museu do Louvre, em Paris, abrigou uma exposição sua. Mostra atípica para os padrões do museu, as maquetes, os móveis e as fotos de casas de Zanine foram expostos por 40 dias e receberam mais visitas que as obras de Picasso exibidas na sala ao lado. De lá, Zanine voltou com a medalha de prata do Colégio de Arquitetos da França, a mais alta representação da classe. No mesmo período, deu aulas na escola de arquitetura de Grenoble.
E então, só depois do reconhecimento gringo é que veio o reconhecimento em Pindorama: pelo domínio da técnica e materiais Zanine acabou sendo reconhecido como arquiteto honoris causa. Em 1991, Lúcio Costa entregou-lhe o diploma.
Morreu de enfarto em 2001, aos 82 anos, sem casa própria e tendo a pensão da Universidade de Brasília como único meio de sobrevivência. Pobre? Não penso assim.
P.S.: Essa namoradeira da foto custa hoje uns 15mil. Dólares. E sim, ainda falta mais um pouquinho pra eu terminar. Não falei direito sobre suas casas.
♥ Parte I
♥ Parte II
♥ Parte IV
ZANINE CALDAS - PARTE III
Reviewed by vivianne pontes
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